EU NASCI DE NOVO!!!!!!

Sexta feira 17/12/2010, levantei 5h da manhã feliz da vida, pois era o grande dia. O dia da minha cirurgia, a simpatectomia (consiste na remoção cirúrgica do nervo simpático principal, motivada para tratamento da hiperidrose nas mãos e axilas).

Cheguei no hospital 6:20h recebi um jaleco e me levaram até o quarto. Pediram para que eu tirasse brinco, relógio, a roupa e colocasse o jaleco, a touca no cabelo e uma “meia” nos pés. Eu estava super nervosa, mas feliz, afinal já sofria com a hiperidrose há anos.

Logo a maca chegou, deitei e fui até o centro cirúrgico. A ida até a sala de cirurgia é horrível. Você vai deitada vendo o teto, as lâmpadas, rs. Cheguei em uma porta que logo a enfermeira falou: “Mamãe, agora a senhora não pode mais acompanhar!”. Meu Deus!! Eu pensei. Como não pode acompanhar, vou ficar sozinha??? As lágrimas caiam em meu rosto ouvindo as palavras da minha mãe: “Neguinha fique com Deus e que Nossa Senhora te acompanhe na realização de seu sonho. Te espero no quarto.”

Fiquei uma hora na sala esperando a cirurgia. 8h vem a enfermeira e me leva para a maca da sala de cirurgia. O medo e a ansiedade tomava conta de todo meu ser. Chorando, as enfermeiras tentavam me acalmar. Uma amarrou meu braço e outra colocou o cateter em minha veia. Nossa que dor horrível. Outra enfermeira ligava vários fios em mim. E outro cantava um pagode para me deixar tranqüila.rs

Depois não me lembro de mais nada, a anestesia faz você parar mesmo. Acordo quase 11h da manhã, mas ainda na sala de recuperação. Achei estranho ainda não está no quarto e a cirurgia ter demorado tanto, afinal eram 40 minutos de cirurgia. O médico pergunta se está tudo bem comigo e eu respondo meio “grog” que sim. Ele disse descansa que vou falar com sua mamãe.

Me levaram para o quarto, mas eu ainda muito sonada, por causa da anestesia não sentia nada, nem dor. (eu após a cirurgia, nesse momento estava me sentindo bem. foto ao lado).

Quando a anestesia passa de vez levo um susto. Havia um tubo dentro de mim. Esse tubo estava em meu pulmão, ligado a um pote cheio de água vermelha. O que era esse tubo??? Um DRENO (um tubo de látex entre as costelas fica conectado a um frasco coletor que retira o ar do local anormal). Pois é, tive falência do pulmão esquerdo e para ajudar, tive PNEUMOTÓRAX (É o acúmulo anormal de ar entre o pulmão e uma membrana (pleura) que reveste internamente a parede do tórax. Este espaço, que normalmente é virtual, se chama espaço pleural. O ar, ao entrar entre o pulmão e a parede torácica, pode comprimir o pulmão e causar dificuldade para respirar. Além disso, quando o pneumotórax é grande, ele pode fazer com que o coração se desloque, levando a alterações nos batimentos do coração e, até, à morte.)

Os três primeiros dias foram terríveis, eu não conseguia andar, fazia xixi na comadre, não conseguia comer e nem respirar. Tiveram que colocar um tubo com oxigênio em meu nariz. Eu chorava muito, achei que ia morrer. Lembrava muito da minha vó Lia. Ela também colocou o dreno, mas não sobreviveu. Todos os dias eu esperava anciosa pelo médico e por uma notícia positiva, eu queria ir pra casa, eu queria ficar bem. (Meu pulmão esquerdo ficou assim, veja foto) 

Todas as manhãs eu ia fazer o RX do tórax para ver como pulmão estava. E nada dele ficar bom. A tarde o médico passava no quarto para ver como eu estava e aplicar uma série de testes e lá vinha a frase: “Môniquinha você terá que ficar mais um dia aqui!”. Eu desabava a chorar, não agüentava mais aquele tubo em mim, a dor, a comida, o hospital. Minha família e alguns amigos foram me visitar e as horas passavam um pouco mais rápido.

     Foram tantas coisas que passei, passaria dias aqui escrevendo (já estou 2 dias escrevendo...rs, devagarzinho por causa dos pontos em baixo do braço). Tomei remédio que não podia como o Berotec, eu pensei que ia morrer, ele acelera o coração, me deixou tremendo. No domingo, muitas pessoas de religiões diversas visitam o enfermos e oram, rezam, pedem ao Pai pela cura. Me perguntavam se podiam entrar no quarto e fazer uma oração, eu dizia: CLARO!!!! (era o que mais queria, orações, não importa a religião o que importa é Deus no coração). Eu só tenho a agradecer, os jovens da Bola de neve, da Messiânica, dos Evangélicos, enfim, todos que fizeram essa corrente de oração para que eu saísse dessa. e deu certo!!!

Terça-feira (21/12), o médico chega e fala: “O que você acha de passar Natal aqui?” Minha nossa, que desespero, comecei a chorar e pedir para não ficar. Ele estava tirando sarro da minha cara, não foi nada legal, mas após examinar o Raio X e ver meu pulmão ele fala: “Lindinha pode ir pra casa, você está melhor!” Eu achava que já tinha sentido todas as emoções e sensações da vida, mas realmente essa foi a melhor coisa que me aconteceu: ir para casa.

Ele tirou o dreno (foi uma dor horrível), fez um curativo na axila, tirou o cateter que estava em minha mão esquerda e ufaaaaaaaaaa. Graças a Deus eu estava liberada. A emoção de poder ver a rua, o dia, meu carro, minha casa foi realmente emocionante. Hoje eu dou mais valor a minha vida e a minha família e vejo que Deus está em mim, ele tirou minha dor, curou minhas doença, e abraçou minha alma.

D entro de nós ele mora,

E não quer ir embora

U tiliza do Espírito agora

S ua força nos revigora.

"Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. (Mt 11:28)"

Obrigada a todos os que ligaram e que me visitaram. Sem esquecer-se da minha família, enfermeiras e enfermeiros que cuidaram tão bem de mim. 

(Gostaria de escrever muita coisa, mas a dor ainda não permite)