Visita à Scuola dell’Infanzia Comunale Paulo Freire

 

O que falar dessa educação tão maravilhosa que pude conhecer de perto???

Sem dúvida alguma, digo primeiramente que é uma educação PERFEITA!!!

 

Os dias que antecederam minha viagem, eram dias de angustia no sentido de, será que é uma utopia essa educação? Será que eles realmente seguem o que dizem? Será que fazem a relação teoria e prática???

 

Minhas perguntas foram todas respondidas no curso e na visita às escolas.

 

 

Pra quem não conhece e nunca ouviu falar na educação infantil de Reggio Emília, é uma abordagem que incentiva o desenvolvimento intelectual da criança por meio de um foco sistemático sobre a representação simbólica. A criança é encorajada a explorar seu ambiente, que é rico em possibilidades, e a expressar-se através de todas as suas linguagens (desenhos, esculturas, dramatização, música...), o que a conduz a surpreendentes níveis de habilidades simbólicas e de criatividade.

 

O objetivo em Reggio é criar uma criança protagonista, investigadora, capaz de descobrir os significados das novas relações e perceber poderes de seus pensamentos por meio da síntese de todas as linguagens: expressivas, comunicativas e cognitivas.

 

A escola que me encantei foi a Scuola dell’Infanzia Comunale Paulo Freire. Primeiramente por receber o nome de um educador Brasileiro. Que honra!

Ao entrar, já me deparei com uma enorme área verde (não tão verde por conta do inverno), uma estrutura física agradabilíssima e umas crianças fofas brincando com autonomia. Todas as escolas mantêm a mesma estrutura, ateliês, muitos espelhos, escadas e vidros. São ambientes circulares e transparentes, havendo conexão entre todos os espaços, vindo de encontro com a idéia de que deve haver uma pedagogia de conexões e não de separações.

 

Há 3 sessões (que chamamos de classes aqui no Brasil), em cada sessão há 26 crianças, com 2 professoras. Há o atelierista, um profissional que é formado em Artes e em Pedagogia, que auxilia toda a parte estética do projeto Reggiano. Além da cozinheira e 2 auxiliares de limpeza.

 

A escola atende crianças de 3 a 6 anos. Seu horário de funcionamento é das 8h às 16h, não há tempo extra como no Brasil, onde os pais largam as crianças e esquecem de pegá-las!!

 

A observação foi fantástica!!!! Vi a interação porfessor-criança, criança-criança e criança-cozinheira. Nessas relações é visível sentir o afeto entre essas pessoas e a cumplicidade. O professor tem o papel de orientador da aprendizagem, não aquele que detém o conhecimento. A criança, interagem com seus amigos, discuti, compreende, resolve conflitos, procura atividades.

 

Pude observar as crianças brincando, resolvendo problemas sem a intervenção do professor, utilizando diversos materiais que para mim, parecia irreal o uso de tais objetos como, facas, xícaras de porcelana, objeto pontiagudo para furar a argila. Também tive a oportunidade de ver a organização do almoço, a organização da mesa sendo arrumada com todo o amor, havendo além dos utensílios típicos de uma mesa de almoço, enfeites como flores.

 

Eu estou anestesiada de tanta coisa boa que vi. A criança com autonomia, sendo protagonista do seu próprio conhecimento, formando sua própria identidade. Uma educação que é estruturada tendo como base o relacionamento, o afeto e a participação de todos.

 

É tudo que eu queria aqui no Brasil!! Mas já que não tem, vamos lutar para que tenha. Para que essa utopia brasileira se torne realidade assim como em Reggio!!!

“Um bom projeto é aquele que permite a contribuição de cada criança, de modo que ela possa interagir com as demais, discutindo, decidindo, dialogando, resolvendo conflitos, estabelecendo regras e metas, utilizando múltiplas formas de representação.”